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O Primeiro Romântico

Não exagere na mentira de seu perfil na web

Universa

08/12/2017 08h00

Até o fingimento tem ética. Até o fingimento tem limite. 

 

Se você quer falsear em conversa online sobre as suas características não extrapole o bom senso. Tenha a decência de não propor uma cirurgia plástica nas palavras. Minta proporcionalmente, não a ponto de transfigurar o seu perfil. 

 

Entendo que deseja agradar, respeito a sua insegurança diante da ditadura do padrão estético, nem todos estão prontos para dizer a verdade de cara limpa, às vezes a carência fala o que não deve, mas não exagere. Não apresente traços impossíveis e contrastantes. Não nasça de novo para agradar pretendentes. A paixão permite dez por cento de invenção. 

 

Se no chat ou nos aplicativos de namoro recorrer a uma superdose de distorção, dificultará o café presencial e o envolvimento real. Ficará constrangedor aparecer com a cor de cabelo e dos olhos mudados. Ou com uma profissão nova. Ou ainda falido, depois de ostentar viagens e uma mansão imaginária. Ou casado e com uma penca de filhos, quando pregava a completa solteirice. 

 

Lembre que existe a opção de pesquisa online e de confirmação dos dados antes do encontro. As suas fotos e antecedentes dependem de uma razoabilidade para a comparação. Causa mal-estar e medo de possível psicopatia quando um crush destoa grosseiramente de sua descrição inicial. 

 

Há uma licença poética, o que não significa permissividade. É admissível a margem de erro de Ibope na sedução de cinco percentuais para cima ou para baixo. Pode mentir cinco quilos a menos, cinco anos a menos, cinco centímetros a mais, não passe disso. Não se mostre com 60 anos e depois surja envelhecido milagrosamente, em duas semanas, com 80. Não dará certo. Será patético, será revoltante. Acabará descartado não devido a um preconceito com a idade, porém pelo preconceito com a mentira. 

 

Oscilações são perdoáveis, desde que pequenas. O que incomoda é se passar por outro. Já mostra que não se aceita e não se ama. Sem amor próprio, é impossível amar alguém. A confiança é a maior beleza que existe. 

Sobre o autor

Fabrício Carpinejar é escritor e jornalista. Enquanto muitos se elegem como último romântico, ele se declara como o primeiro. Afinal, faz tempo que se prontificou a entender o amor em suas crônicas e poesias. Aqui você tem sua versão escrita, mas você pode conferir a sua versão falada em vídeos no YouTube: http://bit.ly/2sAu6xB

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