Você não nasce homem, torna-se homem; nascer de novo é a nossa obrigação
Você acha que o mundo anda feminista, acredita que nem tudo é assédio, que o homem perdeu o direito da cantada, que as patrulhas são rigorosas, que as mulheres estão exagerando e criminalizando o amor?
Não entende nada de história. Até pouco tempo, as mulheres eram empregadas de seus maridos. Obrigadas a transar sem amor, sem conhecer o orgasmo, a satisfazer os caprichos masculinos, condenadas a cozinhar, cuidar dos filhos e faxinar a casa. Trabalhadoras sem remuneração. Ou seja, escravas.
Não ganhavam nada, apagadas e sufocadas. Apanhavam e caiam de escadas imaginárias, batiam os joelhos em quinas inexistentes, sofriam acidentes improváveis. Séculos e séculos de opressão onde não podia cortar o cabelo ou escolher o vestido ou usar uma calça. Quando discordavam, terminavam internadas em clínicas psiquiátricas como loucas e histéricas, recebendo eletrochoques e medicação pesada, para realmente ficarem sequeladas e fundamentar a mentira. Os maridos poderiam ter quantas amantes quisessem e esconder os filhos fora do casamento.
Não havia como se separar –devido à proibição do divórcio. Assim como o veto ao voto, assim como o veto ao cargo eletivo, assim como o veto ao concurso público para a magistratura e Ministério Público. Os homens faziam as leis para o próprio usufruto.
Mulheres tinham diploma, mas não contavam com o direito de exercer a profissão de igual para igual. As que conseguiam lugar ao sol de um abajur no escritório sofriam a sombra do abuso, hostilizadas constantemente, tendo que se calar para não serem demitidas por justa causa.
Não estou falando de filha e de netas, estou falando de mãe e de avós.
Por elas, por aquilo que sofreram, não há como mentir. O que está acontecendo ainda é pouco, ainda não é justiça, ainda não é retratação.
Ao descobrir o que passaram, sentirá vergonha de si ao olhá-las nos olhos.
Você não nasce homem, torna-se homem. Nascer de novo é a nossa obrigação.
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